quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Obesidade Infantil no Brasil

A obesidade é considerada o principal fator de risco para as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), responsáveis atualmente por 80% da carga de morbimortalidade em países ricos e mais de 50% em países em desenvolvimento. Epidemias e pandemias de DCNT, associadas à crescente longevidade da população de países emergentes, determinam graves conseqüências sociais, pois são países despreparados para deter a disseminação das epidemias desse tipo de doença, resultando em endemias e os custos sociais advindos.
O volume de dados na literatura sobre obesidade infantil é crescente, e, contudo, o problema persiste e vem agravando-se de forma dramática. A instalação do problema na população jovem representa um prognóstico sombrio: a persistência do excesso de peso na vida adulta, ou seja, uma geração futura com percentuais ainda maiores de obesos. No Brasil a situação é grave. No início da década de 1980, a obesidade infantil começou a ser diagnosticada com maior freqüência, sendo mais prevalente em países desenvolvidos e principalmente na população com menor poder aquisitivo. Entretanto, passou a ser detectada no Brasil entre crianças de classes socioeconômicas mais altas, mudando este perfil nos últimos 30 anos: a prevalência de obesidade infantil aumentou em todas as regiões brasileiras e em todos os extratos de renda.
Somados à interrupção precoce do aleitamento materno, que deveria ser exclusivo até o sexto mês, os dois termos da relação consumo e gasto calórico têm se alterado rapidamente no país, gerando um ambiente propício para a obesidade infantil. De um lado têm-se o consumo alimentar inadequado, insuficiente em frutas, hortaliças e leguminosas; ausência de refeições, em especial o desjejum; aumento no consumo de alimentos industrializados (salgadinhos, bolachas, balas e refrigerantes). De outro, a redução progressiva dos gastos calóricos, devido à exposição excessiva a televisão, jogos eletrônicos, computadores e serviços de pronta entrega no domicílio.
Para prevenir a obesidade, em todas as faixas etárias, são necessárias ações de caráter educativo, fornecendo informações corretas sobre alimentação e saúde, e evitando propagandas de alimentos não-saudáveis, especialmente os dirigidos ao público infantil. Ao mesmo tempo, medidas relacionadas ao planejamento urbano, privilegiando o deslocamento de pedestres em contraposição ao de automóveis e dotando áreas carentes de recursos mínimos para a prática de atividades físicas de lazer. É crucial que todos os esforços visem a conscientização em massa quanto à necessidade de mudanças no estilo de vida e incorporaração de "novas atitudes" na rotina diária, as quais permitam, a médio e longo prazo, reverter este enorme problema de saúde publica.

Esta coluna foi publicada em 31/07/2009, no Jornal da Região (MG). Autora: Márcia Keller Alves

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