quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Transtorno de Compulsão Alimentar x Obesidade

Entre as formas de conceituar e classificar a obesidade está a definição primária da doença, ou seja, a existência de "acúmulo excessivo de tecido adiposo (gordura) no organismo". Mas é exatamente aí que mora a dificuldade do conceito: como medir esse tecido adiposo e estabelecer o limiar da classificação da obesidade? O método mais utilizado é o Índice de Massa Corporal (IMC, calculado pelo peso em quilograma dividido pela altura ao quadrado, em metros) e classifica-se obesidade quando o IMC é superior a 30 kg/m².
A obesidade é um importante problema de saúde pública, tendo em vista sua alta prevalência, a dificuldade no controle e o elevado índice de recidiva. Entre os “sintomas” mais comuns estão os problemas emocionais (em especial ansiedade e depressão), geralmente percebidos como conseqüências da obesidade. Esses sintomas psicopatológicos estão associados com um comportamento de comer compulsivo, que representa uma dificuldade de tratamento dos pacientes obesos. Estes pacientes interrompem o tratamento pela sua incapacidade de controlar a ingestão alimentar, tendo um maior prejuízo no funcionamento social e ocupacional.
O critério de diagnóstico para o transtorno de compulsão alimentar proposto pelo DSM-IV requer a presença de:
1. Episódios recorrentes de compulsão alimentar, caracterizada por ambos os seguintes critérios: a) ingestão, em um período limitado de tempo, de uma quantidade de alimentos definitivamente maior do que a maioria das pessoas consumiria em um período similar, sob circunstâncias similares; e b) sentimento de falta de controle sobre o episódio.
2. Os episódios de compulsão alimentar estão associados a pelo menos três dos seguintes critérios: a) comer muito e mais rapidamente do que o normal; b) comer até sentir-se incomodamente repleto; c) comer grandes quantidades de alimentos, quando não está fisicamente faminto; d) comer sozinho por embaraço devido à quantidade de alimentos que consome; e) sentir repulsa por si mesmo, depressão ou demasiada culpa após comer excessivamente.
3. Acentuada angústia relativa à compulsão alimentar.
4. A compulsão alimentar ocorre, pelo menos, dois dias por semana, durante seis meses.
5. A compulsão alimentar não está associada ao uso regular de comportamentos compensatórios (purgação, jejuns e exercícios excessivos), nem ocorre durante o curso de anorexia nervosa ou bulimia nervosa.
Quando transtornos psiquiátricos estão presentes, contribuindo para o ganho de peso, devemos considerar a farmacoterapia (uso de medicamentos). No caso da obesidade, o tratamento deve ser, antes de mais nada, pautado numa abordagem multidisciplinar, dando prioridade à dietoterapia associada à psicoterapia.

Esta coluna foi publicada em 03/07/2009, no Jornal da Região (MG). Autora: Márcia Keller Alves e Kalinca Oliveira

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